Vírus do Papiloma Humano (HPV)

O que é o HPV?

O HPV (Vírus do Papiloma Humano) é um vírus comum que pode infetar a pele e as mucosas. Existem mais de 200 tipos diferentes, sendo que alguns podem causar verrugas genitais e outros estão associados a vários tipos de cancro, como o cancro do colo do útero, vagina, vulva, pénis, ânus e orofaringe, podendo afetar tanto homens como mulheres. Esta é uma das infeções de transmissão sexual mais comuns a nível mundial, estimando-se que cerca de 80% das pessoas possam ser infetadas em algum momento da sua vida.

Como se transmite o HPV?

O HPV transmite-se principalmente por contacto direto com a pele ou mucosas infetadas, incluindo contacto sexual vaginal, anal e oral. O uso do preservativo reduz o risco de transmissão, mas não o elimina completamente, visto que o vírus pode estar presente em áreas não cobertas pelo preservativo. É importante salientar que qualquer pessoa sexualmente ativa pode contrair HPV, mesmo que tenha tido relações sexuais apenas com um parceiro. O HPV pode ser transmitido mesmo quando a pessoa infetada não apresenta sinais ou sintomas, que podem apenas surgir anos depois do contacto com um parceiro infetado.

O HPV causa sempre doença?

Não. A maioria das infeções por HPV é transitória e eliminada naturalmente pelo sistema imunitário sem causar sintomas, pelo que uma pessoa pode já ter tido a infeção e não ter sido diagnosticada. No entanto, em alguns casos, o vírus pode persistir e levar ao desenvolvimento de lesões que podem evoluir para cancro.

A que doenças está associado o HPV?

O HPV pode estar associado a várias doenças:

  • Verrugas genitais: O HPV é responsável por cerca de 90% dos casos.
  • Cancro do colo do útero: Está na origem de 95% dos casos.
  • Cancro da vagina: O HPV causa 75% destes cancros.
  • Cancro da orofaringe: O cancro da cabeça e pescoço é o 6.º tipo de cancro mais comum globalmente. O HPV pode infetar a boca e a garganta, causando neoplasias da orofaringe (parte posterior da garganta, incluindo a base da língua e as amígdalas). O HPV é responsável por cerca de 70% destes cancros.
  • Cancro da vulva: Trata-se de um cancro raro. O HPV está na origem de 69% dos casos.
  • Cancro anal: O ADN do HPV é encontrado em mais de 90% dos casos de cancro anal, sendo o HPV-16 o mais prevalente. É mais comum em pessoas com VIH e em homens que têm relações sexuais com homens.
  • Cancro do pénis: Raro, representando cerca de 0,5% dos cancros em homens. O HPV está associado a 40-50% dos casos, com o HPV-16 sendo o mais prevalente.

Como posso saber se tenho HPV?

A infeção por HPV muitas vezes não causa sintomas, tornando-se difícil de detetar sem exames específicos. O rastreio do cancro do colo do útero, que pode incluir o teste de HPV, é fundamental para identificar infeções persistentes e lesões pré-cancerígenas.

Quais são os sinais e sintomas da infeção pelo HPV?

O vírus do papiloma humano provoca frequentemente uma infeção silenciosa, sem sintomas nem sinais óbvios. Nos casos em que a infeção apresenta sintomas, estes podem ser:

  • Comichão
  • Ardor ou dor durante a relação sexual
  • Verrugas, principalmente na região genital ou anal
  • Corrimento anormal
  • Hemorragias fora do período da menstruação

Quais são os sinais e sintomas do cancro do colo do útero?

A maioria das infeções por HPV não causa sintomas e desaparece espontaneamente. No entanto, a infeção persistente por certos tipos de HPV (como HPV-16 e HPV-18) pode levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas, que, se não tratadas, podem evoluir para cancro do colo do útero. Os sintomas do cancro do colo do útero geralmente só aparecem numa fase avançada da doença e podem incluir:

  • Sangramento anormal (irregular, entre períodos menstruais ou após relações sexuais);
  • Dor na região lombar, pernas ou na região pélvica;
  • Fadiga, perda de peso e falta de apetite;
  • Corrimento vaginal com odor desagradável;

Existe tratamento para o HPV?

Não existe um tratamento específico para o vírus, mas as complicações associadas, como verrugas genitais e lesões pré-cancerosas, podem ser tratadas através de diferentes abordagens terapêuticas, incluindo cirurgia.

O tratamento do cancro associado ao HPV depende do tipo e estadiamento do tumor. Os tratamentos incluem:

  • Cirurgia (extensiva nos casos avançados);
  • Radioterapia;
  • Quimioterapia;
  • Terapias biológicas e biossimilares.
  • Imunoterapia – uma nova abordagem para cancros avançados.

A vacina contra o HPV é eficaz?

Sim. A vacina contra o HPV é altamente eficaz na prevenção das infeções pelos tipos de HPV mais associados ao cancro e às verrugas genitais. Recomenda-se a vacinação antes do início da vida sexual, a partir dos 9 anos, mas também pode ser benéfica em idades mais avançadas. Assim, a vacinação também pode ser vantajosa em adultos que não foram vacinados na adolescência. No entanto, importa salientar que a vacina não trata infeções já existentes, prevenindo apenas novas infeções e potenciais complicações associadas.

Quem deve ser vacinado contra o HPV?

A vacina é recomendada para raparigas e rapazes, aos 10 anos, estando incluída no Programa Nacional de Vacinação. Pode ser administrada noutras idades, dependendo da indicação médica.

Posso ser vacinado se já tive contacto com o HPV?

Sim. A vacina não trata uma infeção existente, mas protege contra outros tipos de HPV e pode ajudar a prevenir re-infeção.

Os homens também devem ter cuidados em relação ao HPV?

Sim. Nos homens, o HPV está associado ao desenvolvimento de cancros do pénis, ânus e orofaringe, podendo ainda causar verrugas genitais, que afetam significativamente a qualidade de vida. A infeção pode permanecer assintomática durante anos, o que torna o rastreio e a prevenção fundamentais para reduzir a transmissão e os riscos associados.

O rastreio do HPV é importante?

Sim. O rastreio do cancro do colo do útero, com citologia (Papanicolau) e/ou teste de HPV, é essencial para detetar precocemente alterações nas células cervicais que podem evoluir para cancro. É um método fundamental para a deteção precoce do cancro do colo do útero.

Existem 2 tipos de rastreio:

  • Citologia – Teste do Papanicolau: Identifica lesões no colo do útero. A amostra é analisada em laboratório e, se houver células anormais, é necessária uma biópsia. Este teste não diagnostica cancro.
  • Teste de HPV: Deteta a presença do HPV no colo do útero. Alguns testes indicam apenas se há infeção (HPV de alto risco positivo ou negativo), enquanto outros identificam tipos específicos do vírus (como o HPV 16 e 18).

Atualmente, o teste de HPV é recomendado como exame primário para mulheres com mais de 30 anos, devido à sua maior sensibilidade em comparação com a citologia (Papanicolau). Como o teste de HPV pode identificar a presença do vírus antes do desenvolvimento de alterações celulares, permite um rastreio mais espaçado e eficaz na prevenção do cancro.

Como funciona o rastreio?

O rastreio pode ser realizado de forma organizada ou oportunista.

No rastreio oportunista, que ocorre quando não existe um programa organizado ou para mulheres que optam por não participar, a citologia pode ser feita de 3 em 3 anos a partir dos 21 anos ou após 3 anos do início da atividade sexual. A partir dos 30 anos, recomenda-se o teste de HPV de alto risco com citologia reflexa (para os casos de HPV positivo), realizado com intervalos de 5 em 5 anos.

No rastreio organizado, pode-se adotar uma estratégia combinada, onde a citologia é feita de 3 em 3 anos, dos 25 aos 30 anos, seguida pelo teste de HPV de alto risco com citologia reflexa (HPV positivos) entre os 30 e os 65 anos, com intervalos de 5 anos.